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Em uma consulta nutricional não temos como fugir das perguntas: “o que seu cão/gato come?” “e petiscos?”.  

Certa vez, em uma consulta, quando perguntada sobre o que seu poodle Flufy gostava de comer, a proprietária prontamente disse: “Ele adora chocolate e bala”. Preocupados, explicamos os riscos do chocolate e doces aos pets, ao que ela insistiu: “Mas ele adora! Nem um pedacinho?”, mas quando a informamos que seu Flufy poderia morrer por este pedacinho ela compreendeu a gravidade.

Situações como esta, nos fazem refletir, e perceber que os proprietários nada mais querem do que fazer seus pets felizes. Por isso, resolvemos escrever este artigo com alguns alimentos comuns à nutrição humana, mas que aos nossos amiguinhos causam danos muito sérios.

  • Chocolate: Possui teobromina, uma substância que é rapidamente absorvida pelo trato digestório e bloqueia os receptores de adenosina, o que é crítico para a produção de energia celular e outras funções. Como consequência pode-se observar em cães e gatos que comeram chocolate: vômito, diarreia, hiperexcitação, aumento da micção, aumento dos batimentos cardíacos, broncodilatação, convulsões e morte. 

  • Cebola: Contém compostos sulfurados que têm alta reatividade oxidativa e é responsável pela oxidação da hemoglobina, que provoca anemia e pode ser fatal. A intoxicação pode ocorrer pela ingestão de cebola crua, desidratada, cozida ou produtos contendo cebola em pó. Os gatos são mais suscetíveis à intoxicação por cebola que os cães. Já houve relato de caso de gato que foi intoxicado por comer papinha de criança que apresentava 0,3% de cebola em pó. 
  • Uva e Uva-passa: Esta fruta apresenta um composto não identificado que sobrecarrega os rins e pode provocar insuficiência renal aguda. Existem suspeitas de que os fungos presentes na uva e suas toxinas como a ocratoxina, ou os resíduos de pesticidas utilizados na produção possam ser os responsáveis pela falência renal, porém até o momento, nenhuma evidência foi encontrada a este respeito. Nas primeiras 24h os cães geralmente apresentam vômito como primeiro sinal clínico. Eles podem ainda apresentar fraqueza, desidratação, oligúria, anúria e falência renal.

  • Macadâmia: Possui uma toxina ainda não identificada, porém, sabe-se que a dose média de nozes capaz de provocar intoxicação é de 12mg/kg de peso corporal. Ou seja, um cão de 10kg que comer 120mg (0,12g) pode apresentar um quadro de intoxicação em  menos de 12h. Os sinais clínicos são: fraqueza, depressão do sistema nervoso central, ataxia, vômito, tremor muscular, rigidez, claudicação, hipertermia. Os casos mais comuns de intoxicação são os de cães que recebem macadâmias ou biscoitos com macadâmia como agrado.

  • Doces: Os doces podem, principalmente, levar o seu amiguinho à obesidade. Além disso, pode aumentar o risco de adquirir Diabetes. Principalmente para os gatos e, menos comum, para os cães se observa essa relação de intolerância à glicose e hiperinsulinemia com o aumento do peso corporal. A forma de Diabetes que afeta a maioria dos cães é semelhante à Diabetes tipo I Humana, ou insulino-dependente. Já a Diabetes mellitus Felina, se assemelha à Diabetes tipo II Humana. O importante é que o quadro de hiperglicemia pode ser revertido, se o seu cão ou gato retornar ao seu peso normal, com cautela e acompanhamento médico. Evite que seu pet fique obeso ou com sobrepeso. Procure um Nutrólogo!

Evite dar alimentos que não tenham sido prescritos por um nutrólogo, pois ao invés de fazer um agrado ao seu amigo, você pode acabar intoxicando-o!